Grupo liderado por feirante é responsável por ao menos 22 furtos registrados entre janeiro e março de 2025. Seis pessoas foram presas em diferentes cidades do Estado
Uma associação criminosa especializada no furto de bombas de irrigação e motores agrícolas foi presa na última quarta-feira (16) nos municípios de Cariacica e Brejetuba. A ação foi batizada de Operação Aroma e resultou na prisão de seis pessoas, acusadas de praticar cerca de 22 furtos entre janeiro e o início de abril deste ano em cinco cidades capixabas. Os crimes vinham ocorrendo principalmente nas regiões Serrana e Norte do Estado.
Os seis indivíduos com idades de 54, 28, 18, 28, 25 e 18 anos foram presos sob investigação pelos crimes, mas as identidades não foram divulgadas. Em um dos endereços, também foi localizado um homem de 26 anos, foragido da Justiça por tentativa de homicídio, com mandado de prisão em aberto.
Segundo a Polícia Civil, o grupo agia de forma estruturada e repetitiva, invadindo propriedades rurais geralmente no período da madrugada — entre 23h e 2h — e levando até quatro bombas por noite, algumas vezes todas da mesma propriedade. Cada equipamento era revendido por cerca de R$ 5 mil, embora tenha valor de mercado entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
O ponto de partida da investigação ocorreu em Venda Nova do Imigrante, onde a Delegacia Regional registrou seis furtos no ano passado e mais dois em 2025. A partir da troca de informações com outras delegacias — como Colatina, João Neiva, Fundão, Aracruz e Cariacica —, a polícia percebeu que os crimes tinham um mesmo padrão, o que levou à constatação de que se tratava de um mesmo grupo criminoso agindo em diferentes regiões do estado. Ainda com o grupo foram apreendidas duas bombas de irrigação e uma caminhonete Saveiro, utilizada na prática dos crimes.

Líder do grupo
Apontado como líder do grupo, um feirante de 57 anos, morador de Brejetuba, no distrito de Brejaubinha, já possuía passagens pela polícia por furtos semelhantes. Com deficiência física e conhecido por circular pelas zonas rurais como comprador de verduras, ele se aproveitava da relação de confiança com produtores para observar propriedades com potencial de furto.
A ação era baseada em: comprar os vegetais, trazer a mercadoria para o Ceasa localizado em Cariacica e levar o grupo para roubar as propriedades que observou enquanto fazia as compras como feirante.
Segundo as investigações, ele já havia sido preso pelo mesmo crime em regiões como Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.
De acordo com a polícia, o atravessador recrutou uma rede de comparsas com funções específicas: um responsável por transporte (frete), outro pela venda dos equipamentos furtados e demais executores. Dentre os seis detidos, dois já haviam sido presos com ele em ações anteriores.
Prisões e desdobramentos
Cinco dos suspeitos foram presos em Campo Verde, Cariacica, e o sexto, o feirante, no distrito de Brejaubinha, em Brejetuba, onde o líder do grupo havia se refugiado com a família, acreditando não ser localizado. Durante o cumprimento dos mandados, a polícia encontrou também um suspeito de homicídio, que acabou sendo preso, embora não fizesse parte da associação criminosa investigada.
A quadrilha utilizava um veículo Saveiro, já apreendido, para transportar os equipamentos furtados. O carro, segundo a polícia, estava prestes a ser vendido com o objetivo de dificultar sua rastreabilidade. Após a prisão do grupo, não foram registrados novos furtos de bombas de irrigação nas regiões monitoradas, o que, segundo os investigadores, confirma a atuação central desse grupo nos crimes.
Segunda fase da operação
Com a quadrilha identificada, a Polícia Civil agora concentra esforços na responsabilização dos receptadores dos equipamentos furtados. “Só existe ladrão porque existe quem compra. Vamos atrás de quem financiava esses crimes, comprando as bombas”, destacou o delegado Alberto Roque, coordenador do Ciat Serrano e titular da Denarc e DHHP de Venda Nova do Imigrante.
As investigações também prosseguem para mapear furtos ainda não registrados oficialmente. A Polícia Civil reforça a importância de que os produtores rurais façam boletins de ocorrência, mesmo em casos aparentemente isolados. A orientação é que os registros sejam feitos inclusive por meio da delegacia online, para facilitar a ação policial e o mapeamento dos crimes.
Fonte: A Gazeta