A servidora pública entregava uma intimação para outra pessoa quando suspeito a abordou. Caso aconteceu em Cariacica, na Grande Vitória.
Uma oficial de Justiça foi ameaçada por um homem armado enquanto trabalhava, no bairro Aparecida, em Cariacica, Grande Vitória, nesta segunda-feira (31). A vítima entregava uma intimação quando o suspeito apareceu e apontou uma arma para a cabeça da mulher.
De acordo com informações do Boletim de Ocorrência (BO) da Polícia Militar, a oficial de Justiça relatou que o homem não era a pessoa que estava sendo intimada.
Segundo o BO, o suspeito estava sem camisa e visivelmente alterado. Segundo a mulher, ele aparentava ter por volta de 50 anos.
“Eu estava passando com a filha do executado, e apareceu um homem aparentemente surtado, drogado, com uma arma na mão. Eu imaginei até que fosse um assalto, estava pronta para entregar o carro, mas ele já veio colocando a arma na minha cabeça e gritando”, contou a vítima em um áudio gravado.
A servidora pública tentou explicar que estava no bairro trabalhando e disse não saber como conseguiu manter a calma diante da situação.
“Eu falei ‘moço, eu sou oficial de Justiça, calma, eu trabalho aqui no bairro, todo mundo me conhece’. Não sei onde arrumei tanta tranquilidade, acho que foi Deus mesmo. [...] A menina com quem eu estava falando também disse para ele me deixar ir, que todo mundo me conhecia. Aí ele então falou, ‘vai, vai, vai, porque hoje eu vou passar um”, relatou a mulher.
A oficial relatou ainda no BO que, no momento da ameaça, optou por não acionar a Polícia Militar, visto que o bairro sofre com a atuação intensa de traficantes, e acionar a polícia poderia acarretar retaliações.
A Polícia Civil informou que a vítima registrou o boletim pela internet e que trabalha para identificar suspeitos sejam identificados e responsabilizados. Ninguém foi preso até a última atualização dessa reportagem.
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Praça do bairro Aparecida, em Cariacica, Espírito Santo. — Foto: Prefeitura de Cariacica |
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo foi questionado pelo g1, para saber se acompanha o caso de alguma forma e se existe algum tipo de segurança para oficiais de Justiça no exercício de sua profissão, dependendo do caso em que atua ou em regiões de vulnerabilidade, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
Episódio de insegurança não foi caso isolado
Atualmente, existem 570 oficiais de Justiça em atividade no Espírito Santo.
O diretor de comunicação do Sindicato dos Oficiais de Justiça do ES (Sindioficiais/ES), Roberto Branquinho, disse que o sindicato acompanha o caso da servidora e que este não foi um episódio isolado.
Na avaliação do diretor, a ameaça reforça a necessidade de discutir e aprimorar as iniciativas para garantir a segurança do oficial de Justiça.
“O sindicato entende que é preciso lutar por treinamento, qualificação de pessoal e adequação do risco de vida do oficial de Justiça. O oficial é uma ponta do Poder Judiciário que não está acastelada, mas está na rua, no contato direto com a população. Então, colocar esse trabalhador na rua, sem preparo, sem ensinamento, sem indicação é temerário. O próprio TJES não faz cursos regulares de aprimoramento da função e isso reverbera no atendimento à população”.
De acordo com o oficial, em situações específicas é possível solicitar apoio de forças de segurança.
“Em casos específicos e pontuais, que são sabidamente mais críticos, como reintegrações de posse, a gente solicita a presença de forças de segurança. Mas, não tem como acionar a polícia todo dia em qualquer tipo de caso, isso sobrecarregaria o trabalho das forças de segurança”, apontou.
Fonte: G1