Em certas ilhas do Havaí, há registros de períodos chuvosos que superaram a marca dos 800 dias a fio. Mas isso não é nada comparado ao Episódio Pluvial Carniano, há 234 milhões de anos. Veja mais
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Morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, com nuvem de chuva. Chuvas frontais, que acontecem no sudeste podem durar entre 2 e 3 dias Cecília Bastos/Jornal da USP
Existem diferentes tipos de chuva, e cada variedade está muito ligada ao clima da região em que ela incide. Por exemplo, no sudeste, no norte e no centro-oeste brasileiros, são comuns as chuvas convectivas, que duram pouco, de 30 minutos a uma hora. Já em algumas áreas do sul e do sudeste, ocorrem as chuvas frontais, que são menos intensas, mas podem durar de dois a três dias.
Em geral, quanto mais frio o clima, mais fácil é haver chuva. Por isso, quanto mais você se afasta da linha do Equador, maior a chance de se molhar. Muitos lugares no Canadá, por exemplo, tem períodos chuvosos que ultrapassam 80 dias. As ilhas do Havaí, que ficam mais ou menos na altura do México, costumam bater recordes de dias de precipitação seguidos. O maior registro foram 881 dias seguidos de chuva em uma das estações locais.
No entanto, considerando toda a história da Terra, o tempo de chuva contínua mais longo foi o Episódio Pluvial Carniano (EPC), que aconteceu em algum momento entre 232 e 234 milhões de anos atrás, quando o clima do planeta mudou radicalmente. Estima-se que, durante esse período, choveu de forma ininterrupta por um período até 2 milhões de anos.
Antes, o clima da Terra passava por uma estiagem, até que, de repente, começou a chover. Não se sabe exatamente o que causou esse fenômeno, mas o fato é que choveu muito, a ponto de causar a extinção de diversos grupos de animais marinhos.
O EPC coincide com uma atividade vulcânica intensa, chamada Wrangellia LIP, que pode ter causado o aquecimento global e levado à anoxia (falta de oxigênio) nos oceanos, o que pode ter sido também um fator contribuinte para a extinção. Inclusive, especula-se que o Wrangellia LIP pode ter sido ele mesmo a causa para o EPC.
“O EPC está entre as cinco grandes extinções em massa e, no entanto, tem sido pouco notado e não estudado. Em particular, não temos uma estimativa precisa de quais grupos foram extintos e quais sobreviveram, nem sobre questões como seletividade e conexões entre a recuperação e as mudanças climáticas”, afirma este artigo científico. Mas uma coisa a gente sabe: o excesso de chuva nesse período facilitou a proliferação de algumas espécies de dinossauros.
Fonte: Revista Galileu