'Phobetron hipparchia' é espécie nativa de grande parte da América do Sul e da América Central; estruturas chamadas de tubérculos servem para proteção contra predadores
Alguma vez você já encontrou um animal e pensou: “que bicho é esse?” Foi a reação da administradora Marisa Gonzales ao achar, no quintal de casa, em Piracicaba, SP, uma espécie bem diferente.
“Ela estava em uma folha no pé de manga e ficamos assustados, porque não entendemos nada do que se tratava. Parecia até uma estrela do mar, mas óbvio que não era”, relembra.
🐛🐛 A espécie encontrada é chamada de Phobetron hipparchia, uma lagarta nativa de grande parte da América do Sul e da América Central, que ocorre desde o sul do México até a Argentina e o Uruguai, principalmente em áreas úmidas. No Brasil, a família Limacodidae, a qual pertence essa lagarta, não possui uma diversidade tão grande, com um pouco mais de 100 espécies registradas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/p/B/D2eRdXT1m2Be2vc7ARmQ/lagartaaa.jpg)
“A Phobetron hipparchia, no estágio de lagarta, possui características muito particulares, principalmente devido aos tubérculos, que é o nome das estruturas semelhantes a tentáculos nas laterais do corpo”, explica o especialista em mariposas Guilherme Fischer.
Elas são utilizadas, segundo o biólogo, como mecanismo de defesa: quando um predador tenta capturar a lagarta, essas estruturas se soltam, como o rabo de uma lagartixa, permitindo que ela escape em segurança enquanto o predador, frustrado, fica apenas com essas estruturas, que não oferecem valor nutricional.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/G/y/ZyG6A5RamQsGIND2tZ2w/adulta.jpg)
Quando ainda são lagartas, esses insetos se alimentam de diversas plantas, principalmente de arbustos e árvores. Depois, quando formam um casulo e passam pela metamorfose, se tornam adultos e não se alimentam mais.
Elas não se alimentam, porque não possuem o aparelho bucal funcional, mas conseguem sobreviver, pela minha experiência, durante uma a duas semanas, mais ou menos, utilizando as reservas de energia que armazenaram no estágio larval
— Guilherme Fischer, biólogo
Enquanto são mariposas, os machos e fêmeas apresentam algumas diferenças. O macho é mais escuro, de acordo com o biólogo, e possui pequenas janelas translúcidas nas asas, enquanto a fêmea é mais alaranjada e maior. “Ambos, quando pousados nas folhas ou troncos, têm uma aparência semelhante à fezes de aves, com padrões alares que lembram sementes”, comenta.
Essa semelhança é o único modo de defesa contra predadores na fase adulta, sendo a Phobetron hipparchia totalmente inofensiva aos seres humanos em qualquer estágio de vida.
Portanto, quando encontrar um animal desconhecido, veja também como uma oportunidade para conhecer mais um ser desta rica biodiversidade do nosso planeta.
Fonte: G1